Pode ser que você nunca tenha se apaixonado. Ou não creia na paixão e nem no amor. Após de algumas decepções, diante da solidão, diante do egoísmo humano.
Pode ser até que tenham te usado, fingido, ocultamente te enganaram. simularam emoções pra te prender. Ou que a dura sina de ter que lutar para sobreviver trouxe calos para as cordas de tua alma. Você quis a alegria e foi abraçado pela tristeza. Sonhou com a vida e com suas cores e por caminhos tenebrosos viu dias cinzentos demais. Você indignou-se além da conta e descobriu que mesmo amando alguém, seu corpo ainda sentia desejos além desse alguém, e que sua alma não descansou. E seus olhos, ainda que mirando as mais altas montanhas, foram sempre assombrados por vales profundos demais. Seu casamento, seu castelo de sonhos tornou-se um mundo em ruínas. E você caminhou por tantos dias em escuridão que já não tem mais idéia do que é ver o por do sol.
Pode ser que os dias de adolescente pareçam agora distantes, demasiadamente distantes, diante de todas as tragédias dos relacionamentos, dos momentos de absoluto silencio, das noites de insonia e desassossego.
Pode ser que as pessoas com as quais você conviveu te roubassem a alma todas as manhãs. E nas noites também.
E que a vida tenha te encaminhado por situações tão constrangedoras, tão despidas de valores morais, tão absurdas em relação a pureza e a inocência que alimentava e nutria a criança que habitava cada espaço oculto, cada lugar secreto, cada pedaço de seu coração, que você se entorpeceu;
Pode ser que a miséria humana, sua fraqueza imanente ou mesmo sua imundícia presente tenham envenenado ou contaminado seu coração.
Pode ser que a velhice e a perda da juventude tenham enfraquecido a esperança de amar e ser amado de um modo pleno.
Porém, mesmo que sua alma grite em bom e alto som que o amor é só uma ilusão e uma voz rouca que habita o coração de poetas, que por sua vez nada sabem e nada haverão de saber, saiba, sinta, veja, tema, creia, lembre, diga, admita, prove e entenda, que o amor é mais real que a dor. E mais forte do que a morte.
E tão certo é que Deus deseja que os seres humanos se apaixonem, que deixou um cantico de amor completo em sua Palavra. Não um pequeno poema, mas o mais belo e profundo já concedido como dádiva ao coração de uma pessoa apaixonada.
Para que o amado busque sua amada.
Para que a amada corra para os braços do amado.
Entenda que o Espírito de Deus, através da mais sublime canção de amor dada a um Salomão perdidamente apaixonado,
Perpetuou e celebrou diante da eternidade, dos anjos, e antes que existisse uma cruz, e até que finde o universo, a paixão e o amor humano.
Então mesmo que você jamais tenha sentido, ou que tenham tirado de você tal direito, e mesmo que
hoje seu coração esteja estéril de amor,
Saiba:
1 Como és formosa, amada minha, eis que és formosa! os teus olhos são como pombas por detrás do teu véu; o teu cabelo é como o rebanho de cabras que descem pelas colinas de Gileade.
2 Os teus dentes são como o rebanho das ovelhas tosquiadas, que sobem do lavadouro, e das quais cada uma tem gêmeos, e nenhuma delas é desfilhada.
3 Os teus lábios são como um fio de escarlate, e a tua boca e formosa; as tuas faces são como as metades de uma roma por detrás do teu véu.
4 O teu pescoço é como a torre de Davi, edificada para sala de armas; no qual pendem mil broquéis, todos escudos de guerreiros valentes.
8 Vem comigo do Líbano, noiva minha, vem comigo do Líbano. Olha desde o cume de Amana, desde o cume de Senir e de Hermom, desde os covis dos leões, desde os montes dos leopardos.
9 Enlevaste-me o coração, minha irmã, noiva minha; enlevaste- me o coração com um dos teus olhares, com um dos colares do teu pescoço.
2 Eu dormia, mas o meu coração velava. Eis a voz do meu amado! Está batendo: Abre-me, minha irmã, amada minha, pomba minha, minha imaculada; porque a minha cabeça está cheia de orvalho, os meus cabelos das gotas da noite.
3 Já despi a minha túnica; como a tornarei a vestir? já lavei os meus pés; como os tornarei a sujar?
5 Eu me levantei para abrir ao meu amado; e as minhas mãos destilavam mirra, e os meus dedos gotejavam mirra sobre as aldravas da fechadura.
6 Eu abri ao meu amado, mas ele já se tinha retirado e ido embora. A minha alma tinha desfalecido quando ele falara. Busquei-o, mas não o pude encontrar; chamei-o, porém ele não me respondeu.
7 Encontraram-me os guardas que rondavam pela cidade; espancaram-me, feriram-me; tiraram-me o manto os guardas dos muros.
8 Conjuro-vos, ó filhas de Jerusalém, se encontrardes o meu amado, que lhe digais que estou enferma de amor.
Que o amor é teu por direito.
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