terça-feira, 10 de abril de 2012

Punição

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Punição




Assentava-se o príncipe
Acima de seu séquito
À direita do rei
Vestido de púrpura
Cingido de ouro
Com anéis dourados
De jóias cravejado o peitoral
As suas vestes de linho
Obra esmerada
de artesãs egípcias
Quando ele passava
pelas regiões do reino
as meninas pobres
das vilas indianas
Suspiravam todas.

E dentre elas havia uma
que não entendia
porque tanta glória
porque tanto luxo
porque sua liteira
forrada de carmim
de tão luxuosa
cheirava a incenso.
enquanto sua vila
de ruas de lama
não ostentava nada
a não ser suas flores

nela não havia palácios
só casebres
nas vielas
nas ruas tão estreitas


Contudo sorria
com encantamento
na celebração
dessa realeza
tão bela e tão rica

Passaram-se os dias
e Prya crescia
rica em talentos
com grande resplendor
de sua beleza
qual uma especiaria
tão indescritível
quanto a própria vida
exímia dançarina
de sua aldeia
Seus gestos tão meigos
como a própria brisa

Encantavam-se todos
com sua alegria

Como brindava à vida
em meio à sua pobreza
diziam que sua voz
acalmava o vento

diziam que seu canto
dominava as feras
E se ela chorasse
choveriam dias
nos quais pisaria
as poças de chuva
em plena alegria
e ruidosa algazarra
com outras meninas

chegaram os dias
em que o principado
seria provido
de um casamento
Arranjado
como era costume
E forçaram as moças
de muitas aldeias
a tecerem peças
e fiarem sedas
Sáris e Sawar kameez
e cortinas
e a dançarem
nos dias da festa,
na qual uma nobre
de distinta família
Se apresentaria

Prya arrastada com as outras moças
chegou ao palácio ancestral
enfeitado de estuque e
mármore colorido

Como dançarina
ela foi levada
ao salão das vestes
onde também estavam
as vestes da futura noiva.

Multidões vieram
de toda parte
trouxeram presentes
houve grande confusão
e faltaram servos
para tanta honra
e deixaram as moças
sós a se vestir
elas eram pobres
e não conheciam
tantas vestimentas
e o que representavam
e por puro engano
vestiram a Prya
com as vestimentas
que eram da noiva...

Quando as dançarinas
se apresentaram
com elas veio Prya
e com elas dançou.

Quando a viu o príncipe
lhe faltou o ar
imaginou que era essa
sua prometida
e a sua alma
nela se apegou
quando ela dançava
lhe faltaram forças
e quando ela sorriu
sua alma
dele fugiu

Quando descobriram
o que ocorrera
interpretaram
ser isto
uma grande afronta
E a pobre moça
presa se tornou.
a verdadeira dona
das vestes de noiva
foi apresentada

Filha de um nobre,
de beleza ímpar
e de grande coração.

Mas o belo moço
já não atinava
já não se enxergava
e a ela não via
pois seu coração
fora encarcerado
na mesma masmorra
onde estava Prya

Rejeitar sua noiva
perderia o reino
ofenderia família
desonraria a todos
e já não sabia
O que iria fazer.


Disfarçou-se como
fosse um mendicante
dizendo que era
de Prya um parente
descendo até
as masmorras frias
encontrou-se ali
com a sua amada


Ela não sabia
de quem se tratava
mas só lhe importava
como lhe tratou
e agradecida
pelos seus presentes
nele se encantava
sem saber quem era

Quando ele desceu
chamavam-no príncipe
quando ele subiu
já não era nada.
Já não via nada
então suspirou


Disse ao seu pai:
Dá-me o poder de puni-la agora
Por sua desonra, deixa-me acoitá-la



O rei ordenou:
Deixe que ele a leve, que lhe seja dado
O poder da vida ou mesmo da morte,
da menina tola, que lhe usurpou.

Ela entrou tremendo em sua presença
Que lhe mostrou várias vasilhas
com sangue
Suja tuas roupas, faz o que te ordeno
E bebe daquilo
Que haverei de dar.

Por parte da noite
Ouviram o chicote
E muitos diziam
Ela irá morrer.
Quando amanheceu
Levaram-lhe desfalecida
Envolta em sangue
Até aos seus pais.
E toda a aldeia
A pranteou
Demais


Então sua noiva
Nobre horrorizada
Rejeitou tal homem
E a tal barbárie
Tomou suas servas
E voltou sem nada.
Para o reino de seu pai.


O rei porém,  satisfeito
Deu-se por julgada
Que sua desfeita
Nela, pobre moça estava paga

Então diante dele
Apresentou-se o jovem
Deixa-me que faça
As pazes com aldeia
Para que teu reino
Não se enfraqueça
Levarei um dote
Escolherei na sorte
A agraciada
Que será minha noiva

O Rei disse que
Não misturaria
Seu sangue tão puro
Com o de tal raça!
Mas seu filho sábio
Disse que tal ato
Lhe traria glória
Como nunca antes
Fora dedicado
A reino algum
E ainda puniria
A ousada moça
Se ainda vivesse!

Prya acordara
E não tinha marcas
Não fora ferida
Pelo seu amor

E chegara a tarde
Quando a realeza
Invadiu a aldeia
E foi a sua casa

Houve muito medo,
Lutariam todos
Caso necessário
Para lhe salvar

Mas o emissário
Logo os acalmou
E logo atrás
Chegara o príncipe.
E por longo tempo
Os dois se olharam
E ela o fitando
O reconheceu
Era o mendicante
Que fora ao calabouço
E que ela amara
Sem saber quem era.

Sem perder sua pose,.
Ele ordenou:
Serás minha noiva!
Como teu castigo.
Viverás comigo
Como minha esposa
Pela ousadia!
Eis o teu vestido!
E por punição
Dançaras pra sempre
Diante deste reino
Para que te vejam
E a tua aldeia
Será convidada
A te ver dançar!


Ela inclinando-se,
Com os olhos brilhando
Disse:
Que assim ocorra
 Hoje eu aceito...
...minha punição.

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