segunda-feira, 30 de abril de 2012

A Brasa de Prya





Posto que Sameer amou  Prya
Em desproporcional medida
Entre a sua pobreza
E seu grande valor
Ainda que oferecida
Ao mais rico indiano
Potestade em Bombai
Mas a amou ainda pequeno
Enegrecido por vezes
Ao limpar passagens imundas
Dos palácios dos sultões
Ele a amava tanto
Que a sonhou antes de tudo
Que a quis antes que o mundo
Não lhe queimava outra chama
Senão a brasa de Prya...
de beleza exuberante
Tudo que sabia era a vila
E desde que recordava
O estar viva na terra
Seu sorriso era Sameer
Sua família o rejeitara
Mesmo sabendo do afeto
Repudiando a pobreza
Ainda que assim não fosse
Quem reclamou Prya
O mais rico indiano
Podia a tudo destruir
Ainda ardiam de afeto
Ao se entreolhavam
Os céus incendiavam
Quando já inevitável
Tudo predestinado
Flores, templo, sacerdotes
Convidados e consortes
Sameer enlouqueceu
Não tinha poder nem ouro
Nem família e nem honra
Se não mãos cheias de cinzas
E roupa preta de pó
Por limpar passagens imundas
Nos palácios dos sultões
Mas havia ardente chama
Queimando no coração
Desprezando as conseqüências
E mesmo à homens treinados
Ao palácio invadiu
No meio da grande festa
Tendo uma tocha em mãos
Para roubar a Prya
Que sempre lhe pertenceu
Enfim encurralado
Foi lutando bravamente
Subindo escadarias
Com a multidão gritando
E certa hora no terraço
Era o fim,
Era a sacada
E a morte os aguardava
Quando a tocha baixada
A tudo incendiou.
Acharam as jóias e metais
Um tosco colar de pedra
E a pulseiras queimadas
Fora tudo que restara.
Dezessete anos passaram
Pelos jardins da tragédia
Corriam dois adolescentes
Pulando sobre escombros
Então abraçam aos pais
A mãe carinhosa
de beleza exuberante
Abraça a menina
e ao jovem ofegante
Abraça também ao esposo
Que sabia cada passagem
Que ninguém jamais sonhou
Enegrecido por vezes
Ao limpar passagens imundas
Dos palácios dos sultões
Que a sonhou antes de tudo
Que a quis antes que o mundo
Não lhe queimava outra chama
Senão a brasa de Prya...

Welington José Ferreira





 

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