Manifesto nacional para um novo cinema brasileiro
Já possui alguns anos o exposto abaixo, todavia FINALMENTE alguns cineastas estão aprendendo a ouvir.
Vivemos num tempo de surdos, irracionalmente surdos. ou ideológicamente surdos.
Filosoficamente falando, eu acredito que há uma conspiração nacional na temática do cinema brasileiro.
Não sei se os cineastas romperam o vínculo que os deveria unir aos adolescentes, ou se forama contaminados por algum elemento radioativo que transtornou sua visão para criação dramatúrgica do cinema.
Talvez o excesso de rudeza da existência e de suas inumeráveis noites de revolta religiosa - corações que se consideram autônomos dessa idéia retrograda, essa da tal, qualquer que seja, religiosidade - os tenha tornado obsessivamente melancólicos.
Psicologicamente, uma das questões que cerca o quadro de depressão é justamente a exploração da sexualidade.
Porque certos estados depressivos parecem só poder ser suavizados pela paixão. A paixão tem caráter de interação irremediável com a sexualidade humana.
Quando as telas brasileiras repetem tortura e sacanagem, deve ser, psicologicamente falando, na verdade, uma desculpa pra tentarem curar transitoriamente a depressão que os toma com cenas que possam, caso consigam, interferir com a libido desse pobre-coitado que tratamos com desdém, o tal no cinéfilo.
COM TROCADILHO, UMA PROJEÇÃO.
Isso, isso, isso, usa-se o cinema como um manicômio em que perversões divertidas são derramadas e manifestas pra outra geração-brasileira-cult.
Como se a intelectualidade absurdada amasse ser constrangida com essa tal visão esdrúxula da realidade a qual os cineastas adquiriram o hábito de denominarem de arte.
Filosoficamente falando, eu acredito que há uma conspiração nacional na temática do cinema brasileiro.
Não sei se os cineastas romperam o vínculo que os deveria unir aos adolescentes, ou se forama contaminados por algum elemento radioativo que transtornou sua visão para criação dramatúrgica do cinema.
Talvez o excesso de rudeza da existência e de suas inumeráveis noites de revolta religiosa - corações que se consideram autônomos dessa idéia retrograda, essa da tal, qualquer que seja, religiosidade - os tenha tornado obsessivamente melancólicos.
Psicologicamente, uma das questões que cerca o quadro de depressão é justamente a exploração da sexualidade.
Porque certos estados depressivos parecem só poder ser suavizados pela paixão. A paixão tem caráter de interação irremediável com a sexualidade humana.
Quando as telas brasileiras repetem tortura e sacanagem, deve ser, psicologicamente falando, na verdade, uma desculpa pra tentarem curar transitoriamente a depressão que os toma com cenas que possam, caso consigam, interferir com a libido desse pobre-coitado que tratamos com desdém, o tal no cinéfilo.
COM TROCADILHO, UMA PROJEÇÃO.
Isso, isso, isso, usa-se o cinema como um manicômio em que perversões divertidas são derramadas e manifestas pra outra geração-brasileira-cult.
Como se a intelectualidade absurdada amasse ser constrangida com essa tal visão esdrúxula da realidade a qual os cineastas adquiriram o hábito de denominarem de arte.
Transgressão é a palavra motivacional da moda, e o que se gera é um cinema tosco, para alguns, só para alguns, que certamente não estão passando pelo melhor momento de suas longas vidas.
Cinema deveria antes de desinstruir, encantar.
Antes de transgredir, divertir.
Antes de perpetuar a mesmice, inovar.
O cineasta brasileiro tem certamente uma emocionada vocação pra pobreza dramaturgica. No contexto pobreza significa LIMITAÇÃO. Sua pobre (limitada) visão sobre a vida, sobre o mundo, sobre as artes, sobre os relacionamento, sobre a cultura nacional, sobre o que é que é essa tal de arte e sobre o que não é essa tal de arte, sobre conceitos de construção e desconstrução, são ou é um monumento erguido a insesatez humana.
Um cinema torpe não edifica, destrói. Se você vai fazer um filme pra que pessoas se sintam mais miseráveis do que ratos no porão de um navio pirata que afunda, não o faça.
Se é do inferno astral das tragédias existenciais que você bebe, e só disso, beba sozinho, por favor.
Como falei, a pobreza intelectual possui muitos caminhos e hoje em dia todos convergem para o coração do cineasta que não ouve.
Porque se fez surdo.
Há uns três anos um manifesto de cinema foi enviado.
E continuará sendo enviado, até que o cinema nacional aprenda a realizar obras que possam ser vistas por famílias, com avô e menina indo ao cinema, com adolescente e criança rindo ao lado do pai, tio, mãe e padrinho. Está na hora de um tipo de cinemapoteca ser configurada nas salas de cinema brasileiro. Está na hora de pararem de “Cisnes Negros” e aprenderem a criar “Noviças rebeldes”. Embora eu creia que tal feito não possa ser repetido. Inclusive quando Julie Andrews falecer o arco-iris perderá pelo menos a cor verde.
Está na hora de “Lisbela e o prisioneiro” dar as mãos para “O homem que veio do futuro” e inpirarem a vós, homens de pequena fé, a finalmente realizarem longa metragens de desenho animado que possam encantar as crianças sem ter que ficar pulando o muro que nem imigrante ilegal pra ficar com os olhos iluminados pelas obras de Walt Disney, oriundas de uma nação que duvido muito supere o Brasil em termos de poesia e de potencial para criação infantil ou adolescente.
Não entendo como em 100 anos de cinema nacional não tenhamos desenhos animados que as crianças possam cantar. Não entendo com 500 anos de tradições culturais não possuamos folclore sendo divulgado, apregoado, traduzido, versado ao imaginário brasileiro.
Ou pior, talvez, infelizmente eu entenda. Melhor seria não entender.
Cinema deveria antes de desinstruir, encantar.
Antes de transgredir, divertir.
Antes de perpetuar a mesmice, inovar.
O cineasta brasileiro tem certamente uma emocionada vocação pra pobreza dramaturgica. No contexto pobreza significa LIMITAÇÃO. Sua pobre (limitada) visão sobre a vida, sobre o mundo, sobre as artes, sobre os relacionamento, sobre a cultura nacional, sobre o que é que é essa tal de arte e sobre o que não é essa tal de arte, sobre conceitos de construção e desconstrução, são ou é um monumento erguido a insesatez humana.
Um cinema torpe não edifica, destrói. Se você vai fazer um filme pra que pessoas se sintam mais miseráveis do que ratos no porão de um navio pirata que afunda, não o faça.
Se é do inferno astral das tragédias existenciais que você bebe, e só disso, beba sozinho, por favor.
Como falei, a pobreza intelectual possui muitos caminhos e hoje em dia todos convergem para o coração do cineasta que não ouve.
Porque se fez surdo.
Há uns três anos um manifesto de cinema foi enviado.
E continuará sendo enviado, até que o cinema nacional aprenda a realizar obras que possam ser vistas por famílias, com avô e menina indo ao cinema, com adolescente e criança rindo ao lado do pai, tio, mãe e padrinho. Está na hora de um tipo de cinemapoteca ser configurada nas salas de cinema brasileiro. Está na hora de pararem de “Cisnes Negros” e aprenderem a criar “Noviças rebeldes”. Embora eu creia que tal feito não possa ser repetido. Inclusive quando Julie Andrews falecer o arco-iris perderá pelo menos a cor verde.
Está na hora de “Lisbela e o prisioneiro” dar as mãos para “O homem que veio do futuro” e inpirarem a vós, homens de pequena fé, a finalmente realizarem longa metragens de desenho animado que possam encantar as crianças sem ter que ficar pulando o muro que nem imigrante ilegal pra ficar com os olhos iluminados pelas obras de Walt Disney, oriundas de uma nação que duvido muito supere o Brasil em termos de poesia e de potencial para criação infantil ou adolescente.
Não entendo como em 100 anos de cinema nacional não tenhamos desenhos animados que as crianças possam cantar. Não entendo com 500 anos de tradições culturais não possuamos folclore sendo divulgado, apregoado, traduzido, versado ao imaginário brasileiro.
Ou pior, talvez, infelizmente eu entenda. Melhor seria não entender.
Então, segue de novo o mais odiado manifesto sobre cinema que um dia os cineastas brasileiros tiveram um dia a oportunidade de ler. .
Cinema nacional tem sido há anos sinônimo de pornochanchada. Quando minhas filhas perguntam qual o filme que vai passar no cinema, a primeira questão é “é brasileiro? Porque se for, já se antecipa-se uma punjante decepção., ou não vai ter nada que presta.”. O “não vai ter nada que presta” das minhas adolescentes é uma declaração fática do conteúdo inexplicavelmente voltado a temáticas de sexo urbano, violência demasiada, drogas, prostituição, tortura, degradação social, loucura, desajustamento, alienação, corrupção, desesperança. Mesmo os filmes infantis carecem do mínimo de coerência, as mensagens mais profundas são imagens voltadas a não extinção das baleias, e as imagens que poderiam refletir algo mais profundo, diluídos em uma trama desprovida de poesia, desconectada com a musica, idiotizada por uma mistura de arte circense desprovida de poesia, com artificialismo temático.
A cada ano se repetem e se aprofundam discussões repletas de temática constrangedora, como se a vida se refletisse numa constante tentativa de causar constrangimento. O cinema brasileiro continuamente e exaustivamente reflete uma amargura que desafia a capacidade da imaginação do mais deprimido dos cineastas. Uma multidão de gente amargurada bate palmas e agracia de bom-grado cada nova produção que exalte o sofrimento, a diferença, evoque o passado de ditadura, componhas odes a qualquer trato desumano e injustiça com requintes de crueldade. A meia-noite tomarei tua alma, clássico do horror trash brasileiro, se reproduz nas consciências e forma a mítica de uma tradição que configura uma sucessão filmográfica de um intransigente “cinema de manifesto social”. Essa escuridão parece ser refletida em cada novo cineasta que nasce no Brasil. Como se o cinema nacional estivesse debaixo de uma maldição. Até quando, então, se fará “cinema maldito” das produções nacionais? Nós não fazemos musicais. Se os fazemos o corrompemos com alguma cena de sexo desnecessária, mesmo quando toda a trama é feita para adolescentes. NÃO POSSUÍMOS UM CINEMA ADOLESCENTE OU INFANTIL NO BRASIL. Por outro lado, quem é que rotulou o ADULTO como possuidores de apetites mórbidos? Quem rotulou de cinema adulto, uma continua lamentação, um eterno revival de Nelson Rodrigues, quem é que escravizou os cinéfilos brasileiros a eterna visualização de uma agressão visual denominada manifesto social? Quem foi que resumiu a nossa cultura, nossas artes, nossa poesia, nossos ideiais, nosso lirismo, nossa inocência, nossa capacidade de amar, quem REDUZIU toda a manifestação de vida, e interação social a uma sucessão de prostíbulos, adultérios, corrupção moral, falsidade e violência, pobreza ou disparidades sociais? Até os ricos somente são mostrados em nosso cinema como estereótipos de superficialidade, amantes do nada, como se uma piscina lhes bastasse e possuindo em uma das mãos uma garrafa de algum vinho caro qualquer. O cinema brasileiro ama mostrar o PODER e o seu mal uso. Mas pouco parece saber sobre idoneidade ou honestidade. Retrata a perversão, mas não retrata as pequenas histórias. As pequenas grandes histórias.Os gestos do cinema brasileiro culminam no obsceno. Não sabem transcrever em poesia movimentos femininos. Quando uma mão é oferecida, na outra há uma faca. Escravizou-se ao clichê da infelicidade. Na perda. Na destruição. Na desestruturação. No intenso sofrimento e na absoluta solidão de seus protagonistas. Nosso cinema está doente, extremamente doente. Ele é repulsivamente tomado de sintomas de tristeza, opressão, medo e angustia, desesperança na humanidade, desconfiança e intolerância. Os sintomas de suas extremas enfermidades são notórios, constatáveis em qualquer locadora em qualquer esquina. Como se os cineastas de nosso ontem tivessem crescido a luz das novelas da rede globo. As feridas crescentes da exposição contínua a uma visão deturpada da vida, a perpetuação da pornochanchada no novelesco, a ênfase demasiada em coisas que acrescentam muito pouco, mortificaram a poesia, o lirismo, e, sobretudo, a inocência do cinema nacional. Tão grave é essa doença, que lanço um desafio que nada mais é que um exame que define o grau de contaminação do cinema nacional, da incapacidade de contar histórias que falem ao coração, desprovidas de sacanagem ou de linguagem chula. Nossos filmes primam pelo palavrão, como se as palavras tivessem feito neles, do ódio sua profissão.
Desafio os cineastas brasileiros a tentarem repetir algo que se assemelhe:
Happy Feet.
Duas Vidas
Stardust
A espera de um milagre
Celular
Orgulho e Preconceito
Casamento Grego
O diário da Princesa
A viagem de Chirriro
O castelo encantado
Moulin Rouge
Alta freqüência
Perfume de mulher
Memórias de uma Gueixa
O clã das Adagas voadoras
O tigre e o Dragão
Herói
A noiva cadáver
Eduard mãos de tesoura
Piratas do caribe
Enquanto você dormia
De volta para o futuro
Não conseguiriam. O pingüim teria morrido enquanto viajava no mar. O garoto de duas vidas teria crescido e morrido de cirrose em algum hospital público.
A estrela teria seu coração arrancado e comido pelas bruxas.
Tudo isso devidamente preludiado por alguma traição estúpida, de nudez e sexo de adolescentes, precedida de uma linguagem tão suave como a diarréia de uma elefanta moribunda. E tão pervertida como as atitudes dos freqüentadores dos bórdeis indianos.
O cinema nacional entende que as mãos foram feitas para mandar alguém enfiar o dedo no lugar onde o sol nunca brilha. Que a maioria das sessões serão assistidas por urologistas, protologistas, ginecologistas ou por alguém que duvide de sua própria origem. O cineasta brasileiro crê sinceramente que roupas são para serem despidas, que todo ser humano tem o seu preço, dando preferência para os que custarem menos. As grandes produções nacionais são exibidas em guetos. Mas não possuem poesia e inocência suficientes para constarem como acervos da humanidade. O cineasta brasileiro não sabe contar uma história sem prostituição. Sem drogas. Sem tortura. Desconhece o valor da parábola. Do tipo, da ilustração. Não conhece o simbolismo da dança, ou as imagens do musicais. Sempre apresenta uma imagem pobre, porque até visualmente é incapaz de transmitir inocência. E mesmo que assim o faça, haverá alguma cena de pedofilia instantes depois do abraço entre dois irmãos. Esse manifesto é grave, é uma acusação e um movimento que busca restaurar ou produzir um cinema nacional inocente. Que não tenha uma mensagem subliminar de sacanagem por detrás dos créditos, que não traduza uma filosofia de desesperança, que não propague a vanguarda como a infelicidade e o infortúnio como ancoradouro. Falta alegria de viver, faltam imagens no imaginário nacional, pelo qual crianças possam exercer sua imaginação e fortalecer seus ideiais. Uma mensagem de tremenda desesperança e hediondo desânimo tem sido passada em cada sala de cinema, a cada produção, a cada festival, em cada escolha de financiamento de novas produções, feitas por órgãos e instituições que deveriam repensar os critérios de aceitação das obras audiovisuais que intentam financiar. Porque empresas e até o governo estão financiando uma mensagem de desesperança, as vezes manifesta, as vezes dissimulada em nossas produções nacionais.
Esse manifesto é mais que um manifesto moral. Porque se fosse só moral, não bastaria para amenizar a liturgia da depressão instituída em nossas produções. Não bastaria para incentivar o idílico em nossos autores. Nem mudar a essência de sua mensagem. O cinema deveria ser levado para as ruas. Mas se for o nacional, as crianças devem ser escondidas nas casas. A denúncia de atrocidades passadas, é tratada a luz dos holofotes e atenuação do sadismo despretensioso é feito aos gemidos de prazer com culpa. A filmografia brasileira é sempre um monte de retalhos sujos de sangue em ambos os casos. Cinema não é teatro do absurdo. Cinema de entretenimento é deixar que imagens resgatem o absurdo que é a vida manifesta, em meio a insanidade do cotidiano. Nossos filhos e filhas não deveriam ir ao cinema para lembrarem das suas ruas manchadas de violência, mas para contemplá-las como estas um dia poderiam ser. Mas nossos cineastas desaprenderam a sonhar, e se tornaram mestres em pesadelos. Não que Holliwood seja escola sagrada digna de aceitação ou crédito, não que a cada dia os cinemas e locadoras não sejam invadidos de filmes sobre tortura e dor, sobre corpos que se despedaçam e sobre milhares de litros de sangue derramado. Mas não é isso cinema visceral. Porque vísceras espalhadas não possuem poesia senão para feiticeiros de tempos da antiguidade. Mas ainda é tempo de que uma nova geração de cineastas descubra que vale a pena anunciar a vida, e não a morte, como necessidade premente de nossa sociedade. A depressão é o mal do século, o suicídio cada vez mais tornado uma opção,
Os pais de sua namorada exigiram o fim daquela relação
Que já durava cinco meses de muito carinho e reprovação
Sempre que se chateava cortava os braços com gilete pra chamar à atenção
Tinha carência afetiva, achava que seus pais gostavam mais do irmão
Um dia olhou pela janela, imaginou como seria o seu vôo até o chão
Mas quando pensou na sujeira que ela causaria, desistiu, foi ver televisão
Tinha que engravidar, criar, envelhecer
Morrer como todos esperavam
Tinha que renunciar, agradar, obedecer
Vencer como todos desejavam
Até que ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Pra distante o bastante pra suportar
Ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Tão distante parada no mesmo lugar
(Onde nunca deixou de estar)
Ela partiu
Ela partiu ao meio
Ensaiou o que diria se um dia fosse "artista
homenageada no Faustão"
Enxugaria as lágrimas, abraçaria amigos
e a mãe teria o seu perdão
Voltando a realidade, ela encontrava um quadro que não tinha muita solução
Se achava velha, muito nova, gorda ou muito feia, sempre inadeqüada pra situação
Até que ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Pra distante o bastante pra suportar
Ela partiu
Ela partiu pra bem longe
Tão distante parada no mesmo lugar
(Onde nunca deixou de estar)
Ela partiu
Ela partiu ao meio.
Jay Vaquer
E essa é a síntese do cinema brasileiro, sua vocação, seu enredo, seu evangelho. Sua noção. Há uma mentira crônica nas verdades manifestas no cinema nacional. Há uma leviandade extrema no despir-se de preconceitos, na liberdade de expressão que inexoravelmente sempre toca a mesma monótona melodia. Há um lamento pregresso, um incomodo sentimento com relação a realização. Jay Vaquer de modo infeliz, consciente ou não, desdenha em sua musica, motivos magistrais, como se quisesse substituir a sinfonia da vida pelo desejo de quem não nasceu e nem pertence a si.
Tinha que engravidar, criar, envelhecer
Morrer como todos esperavam
Tinha que renunciar, agradar, obedecer
Vencer como todos desejavam
Como se a menina não quisesse vencer. Como se a vida fosse um mal a ser suportado. Como se fosse EXTERNO (como todos esperavam) a vontade de superar obstáculos e o desejo de respirar. A vontade de viver desdenha da dor. A loucura abraça a morte como solução, quando a vida já não consegue se expressar. Não o contrário.
Há um conteúdo ético que devia ser respeitado, que é consciência da capacidade didática que as imagens possuem. Na velha China, poucos cineastas, décadas sem assistir a filmes estrangeiros, as crianças cresciam assistindo aos velhos filmes de artes marciais, as arriscadas danças e coreografias marcadas pelo ritmo de tambores. Nas histórias de lutas, que na verdade EVOCAM parábolas à platéia chinesa (recurso aparentemente desconhecido de nossos aspirantes a diretores e roteiristas) certa feita, resolveram contar a história de um samurai que lutava com um braço só. E era invencível. Essa pequena historieta inverossímil, absurda aos olhos ocidentais ficou marcada numa geração de chineses. Quando vinham as adversidades, alguns se lembravam do samurai aleijado e diziam para si mesmo que se ele venceu com um só braço, porque eles que tinham dois, iriam desistir?
Fica aqui o início de um movimento, para a purificação do cinema nacional, para que haja filmes com melhores motivos, para a adequação da linguagem, pelo resgate da poesia, para que os que hoje contam histórias através de imagens em movimento parem de fazer figuras obscenas com as sombras de suas mãos projetadas no fundo branco. Para que sua criatividade supere sua incredulidade, para que a imaginação seja engrandecida e que os feitos sejam contados sem a banalização dos personagens por absoluta grosseria dos seus idealizadores. Pela qualidade do cinema nacional, com liberdade para a fantasia, para que a violência seja sugerida e não manifesta em braços arrancados, para que o corpo humano e cada relacionamento sejam retratados com a dignidade com que as gerações passadas tiveram a desgraçada sina de menosprezar.
Por um cinema melhor, onde haja um clamor por justiça, que não seja subjugado pela perversão sexual, que não seja sublevado por conteúdos impróprios para a finalidade que se destinam. Para que parem de chamar de estragar idéias, de jogar no chão enredos, de cuspir em roteiros que tinham tudo para poderem ser exibidos em qualquer lugar a qualquer hora, mas não o são pela babaquice de cineastas que não se contém em mostrar uma cena que não tem nada, absolutamente nada a ver. Para que nossos cineastas e roteiristas sejam cuidadosos. Sejam coerentes, saibam exercer a arte
da dramaturgia sem desmerecê-la.
Por um cinema brasileiro mais honroso. Ou pelo menos mais honrado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário