sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O dragão que habita seu interior necessita escutar algumas palavras.



O dragão que habita seu interior necessita escutar algumas palavras.
Você vai viver como se fosse um viajante do tempo tendo sobre si a responsabilidade de salvar o universo algumas vezes. Essa frase está plagiando avultosamente certo seriado da BBC. Você vai perdoar e não se perdoará se deixar de perdoar. E vai reconsiderar a maldita afronta feita diante das sempre-presentes misérias de seu próprio obstinado coração.
Não vai considerar a dura ofensa maior que o bendito ofensor quando ele, finalmente,  suplicar com os olhos ao seu perdão.
Você não vai abandonar, ainda que deseje ardentemente, pessoas, por causa do ódio em chamas e nem pisá-las, lenta e repetidas vezes, por causa da dor. Você não pagará na mesma moeda e nem em moeda alguma, não estenderá a mão ossuda para destruir a víbora transitória, ainda que quem te afligiu esteja no lugar horrendo onde um dia você esteve, nu,  sem se importar com o que você sentia e sentia muito.
 Você não imaginará ter a luz das estrelas por cobertura e nem gloriosíssima honra que não possa ser atingida ou maculada. Você não usará da majestosa e inviolável dignidade de seu nome, por maior que ele tenha sido elevado um dia, mesmo que por cinco minutos, como razão para abater, por alguma razão cósmica, ao abatido.

Preste atenção, dragão.
Você não desejará e nem fará violência contra seu grande amor. Ainda que seu grande amor tenha perdido diante de seus olhos lacrimosos toda a rotunda consideração que um dia tivesse tido. Quando quem devia te abrigar e proteger te abandonar,  você não imporá nada além do que te é de direito. Você não deixará de amar quem te feriu, ainda que amando em meio a ira. Ainda que resistindo ao impulso de esganar a tal  criatura. Você não envenenará a água que ele te pedir para beber. Isso não significa ter que emprestar dinheiro e nem permitir que ele permaneça com a coleção de dvd´s emprestada.
Você não se sentará em silencio, como num drama interior de um shogun derrotado, mas ao mesmo tempo, não usará da sua língua afiada para fazer aquilo que só conseguiria fazer literalmente com uma espada desembainhada contra um adversário.
Você não espalhará “sempre-novas” e cada-vez-piores mentiras sobre quem quebrou laços que jurou aos pés da rude cruz que jamais se partiriam.  E sempre imaginará o melhor. Sempre esperará pela dignidade tardia.
Porque me olhas assim, querendo me devorar?
Nunca fechará as portas à reconciliação. E mesmo que ela não aconteça, por causa de atitudes indignas continuas, emolduradas por uma malevolência ímpar, você ainda assim, não alimentará a alma de amargura.  Você será poderoso em perdoar, rápido em abraçar e procurará viver em paz como quem procura água em meio do deserto.  
Você não se abrigará no ódio, não se esconderá debaixo do rancor e nem descontará no pássaro, no coveiro, na manicure, no pediatra e no trocador, nem no cachorrinho e nem no vendedor de seguros, a provocação injusta.
Não adianta. Essa fumaça negra saindo do canto de sua boca não me intimida.
Você não usará o PULPITO para humilhar quem te desconsiderou.  Você não vai amarrar aquela que roubou quem não lhe pertencia no barco-que-queima, previamente furado, em meio a noite tempestuosa daquele mar glacial cheio de orcas, embora talvez seja razoável umas palavras de pouca estima para a torpe atitude, seguida de alguns puxões de cabelo,  e um suave rasgo na roupa absolutamente nova da piriguete.  
Você lutará pelo amor que te conquistou. Até a ditosa velhice. Porém não permitirá que a raiva faça com que a balança da justiça em sua mão, sequer, trema.
Ainda não é sua hora dragão.
 Lutará contra o vulcão, contra as brasas, contra o inferno que queima e ruge, contra as fagulhas e o fogo e não permitirá que sua voz saia envolta no fogo de seu dragão interior. Seja com o filho rebelde, com a vizinha implicante; com a amiga provocadora, com o chefe inconsequente; com a vendedora mal-educada. Com o idiota dentro do trem, com o motorista bêbado-por-natureza. Não vai permitir que o fogo te saia pelas narinas para perseguir ao motoqueiro abusado, não vai permitir que aquilo que de ofende seja mais forte do que aquilo que de FERE.
Agora é sua hora, dragão.
O dragão de nosso interior, nossa ira, não é uma criatura inútil. E nem necessita estar trancado para sempre.
Não é necessário calar-se diante da injustiça, do direito ameaçado, do perigo, da ameaça a segurança própria ou alheia. Não é necessário calar-se ou resignar-se quando essa voz pode mudar uma situação juridica, trabalhista, até de relacionamento.
A IRA tem hora para acontecer, ela tem o lugar de sua aparição. Há momentos de legitimidade, onde ela é liberada para fazer você incandescer como uma tocha e te envolver com a força de mil leões para que você devore quem estiver no caminho da injustiça realizada.
Aquieta-te novamente, dragão.
Há porém ofensas que esse dragão não poderá te socorrer. São feridas de amizade, feridas de gente querida e amada, são atos que sua raiva não poderá mudar, onde a amargura não poderá consertar, onde o ódio não tem o poder de conceder força, só destrói o que ainda resta e que vale a pena continuar.   
Lute para que seu coração estabeleça um lugar de abundancia, de graça, de misericórdia, de ajuda, de benignidade, de justiça, de cortesia. Seja cortes, amável. Implique com os amigos, mas, respeite ao próximo. Contenha-se. Repense o que você diz, dispa suas palavras da essência da amargura, da acusação, do inoportuno. Ria, brinque, não permita que sua voz transmita revolta. A ira muda a entonação, o ritmo, a altura de sua voz. Parte do que transmitimos é verbal e parte, a maior parte, não pode ser contida nos gestos, na textura da pele, na força do toque, na expressão facial, na tonalidade, no ritmo das palavras.  Não temos como mentir para nós mesmos.  E a amargura é transmissível, ela é arremessada, lançada de nós, sai de nossos espíritos e penetra no espírito dos filhos, dos pais, dos amigos, dos conjugues. Junto de nossa voz.
Respire fundo e deixe o Espírito de Deus tornar sua voz um canto. Seu sorriso,
Luz.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Pinterest do BLOG

https://br.pinterest.co
m/welingtonjosefe/

Detalhes de Cantares

Alguns detalhes citados por Salomão na canção são sutis, e ele os escreverá de memória em Cantares. Se a história é imaginada, se O cântico faz parte somente dos sonhos, é uma representação de um desejo profundo do coração do jovem, sua imaginação é muito detalhista. Ele descreve o romance como se nele estivesse.   

Sunamita corre como uma criança – Ct 1.14 Leva-me tu; correremos após ti – vira o rosto embaraçada, envergonhada diante dos olhos das filhas de Jerusalém, Salomão a percebe por inteiro “mais formosa entre as mulheres” percebe a forma e os contornos de seu rosto apesar dos enfeites “formosas são tuas faces entre teus enfeites”, percebe o cheiro de nardo que ela exala á distancia, enquanto ainda assentado no trono e ela em meio ao salão.. onde deviam haver outras pessoas...elogia a textura ou tessitura de sua voz.  Salomão nota machucados em seus pés, que certamente ela estava tentando esconder dele...        (2.13)
Pomba minha, que andas pelas fendas das penhas, no oculto das ladeiras... ele nota a beleza da voz da cantora...e a classifica como “doce”  (2.14) Salomão percebe o movimento dos cabelos de Sulamita ao vento do entardecer de Israel e o compara a um rebanho de cabras...ele nota detalhadamente os dentes da moça...e tece outra comparação...ele presta atenção ao ritmo e ao som das suas palavras, enquanto ela conversa com ele.  Antes prestara atenção ao canto (2.13) – ele a ouvia cantando quando subia as ladeiras!  e em 4.3 ele fixa sua atenção no modo como ela fala. Ele percebe a testa da moça mudando de cor!  - a tua fronte é qual um pedaço de romã entre os teus cabelos. – Percebe a simetria dos seios da moça, ainda sob o vestido! (4.5) Ele nota sua pele, até onde podia ver sem levar obviamente um tapa na cara, a vasculhou com seus olhos e diz que sua pele é perfeita, que ela não possui nenhuma mancha! (4.7) Salomão percebe como ele mesmo fica alterado quando ela segura de certo modo o colar que ela carrega constantemente. Ela brinca com o colar e a visão desse jeito feminino dela mexer com o adereço é para ele um gesto muito meigo.  Salomão cita o “cheiro dos teus vestidos é como o Libano” e se duvidar é de lá que eles vieram!  “Desvia de mim os teus olhos, porque eles me dominam” (Ct 6.5) Salomão percebe a intensidade do olhar da menina.
Creio que é importante frisar isso. É um dos recursos dramáticos mais utilizados em filmes. Se você retirar a força dos olhares, a dramaturgia deixaria de existir, assim como o cinema. Na maioria dos filmes românticos, um olhar define quase tudo. Essa é a primeira vez na história humana que literariamente é citado aquilo que nós hoje vemos todos os dias  na televisão, no teatro e no cinema.  2564 anos antes de Shakespeare. Foi Salomão que primeiro anunciou ao mundo a força do olhar apaixonado. Porque ele sentiu na pele essa força.
O leitor de Cantares está diante de um mundo novo, um mundo de detalhes e percepções que não fazem parte da literatura de sua época.  Nem das Escrituras. Os textos das Escrituras nos mostram poucas características de seus personagens.  Alguns nos são apresentados tão brevemente quanto um suspiro. Enoque nasce, vive e é transladado em dois versos. Três se somarmos a profecia dele que nos é revelada na epístola de Judas. Não temos detalhes sobre a aparência de nenhum personagem bíblico. Tudo que sabemos sobre a descrição física de Ester, Sara, Rebeca, Raquel, é que eram mulheres formosas, nada mais. Não há esse grau de detalhe tão comuns na literatura atual, influenciado pelo cinema que capta em close-up as pequenas mudanças nas expressões faciais de seus personagens. Os textos são curtos, as descrições sobre sentimentos, sensações e os sentidos das pessoas presentes nas Escrituras resumidas, lacônicas.  A maior parte do tempo o estudante das Escrituras necessita imaginar o modo, as roupas, a fala, os sentimentos, as expressões dos personagens bíblicos. As ações proféticas são sempre desmedidas, desproporcionais, não usuais, para que fiquem em RELEVO nas Escrituras. Única vez, de um modo mais sutil, por assim dizer, veremos Jacó puxando para si seu filho para “cheirar” suas vestes, mas a maioria dos sentimentos para serem vistos pelos povos da antiguidade, para que pudessem distinguir mudanças drásticas do contexto tinham que ser “dramáticas”. Exageradas.  Nós lemos quando José chora a respeito dos irmãos, que ele está no “limite” de sua emoção, tão comovido em ver a mudança de atitude de seus irmãos depois de vinte anos de afastamento que ao chorar é ouvido em todo o palácio de Faraó.  Essa nuance sutis de sentimentos é estranha à percepção dos antigos. Quando oravam, o faziam em voz alta, a oração silenciosa em publico era algo desconhecido! Quando Ana ora balbuciando palavras sem emitir som, quando chora diante da tenda da congregação derramando lágrimas silenciosamente, é tomada como bêbada!
Por toda a Escrituras as emoções são contidas, abreviadas, mostrando-se para nós geralmente sentimentos nos limites humanos, ira, raiva, desgosto, medo, coragem.  Porém, Cantares derrama-se em sentimentos, emoções e sentidos!
Os atos dos profetas para serem DISTINGUIDOS como atos proféticos são SEMPRE exagerados, são teatrais, são dramáticos.  Os hebreus esperavam sempre de seus profetas atitudes e atuações dramáticas, diferentes, cinematográficas. Quando os judeus estão diante de Jesus e lhe trazem a moça que foi pega em fragrante de adultério, Jesus sequer olha para eles, fica sentado escrevendo com um pedaço de madeira rabiscos no chão.  Os judeus ficam desconcertados, estão berrando, gritando, trazendo uma condenada à morte para um mui próximo apedrejamento, esperando FORTE reação emocional, exasperação, um bate-boca sem precedentes, uma tremenda gritaria, e lá está ele, SERENO, dócil, sem movimentos exagerados, sem uma reação febril,  o que era de se esperar.  Nada disso. Jesus somente ESCREVE... Com a paciência de um caligrafo chinês...
Há uma metáfora profunda de comunhão espiritual contida em Cantares. O modo com o qual o Espírito de Deus tratará com sua Igreja.  O Amado percebe de um modo incomum os pequenos e sutis movimentos de nossa alma.  O mistério do relacionamento do crente com Deus é de uma suavidade ímpar. A celebração da Nova Vida em Cristo não nos leva a uma constelação de sentimentos exagerados. Nossa alma não é perturbada por poderes incompreensíveis que nos alterem a consciência de modo a nos tornarmos semideuses. Nossa consciência não é alterada a ponto de perdermos nossa humanidade. A presença de Deus em nós é muitas vezes imperceptível. Haverão momentos exagerados, emocionalmente e espiritualmente falando, (tal como João na ilha de Patmos, Daniel quando recebe Miguel, Pedro a frente da Porta Formosa, Paulo abraçando Eutico que caiu de uma janela e ressuscita nos braços do apóstolo, dias de sonhos, de coisas espirituais mais profundas) mas na maior parte do tempo de nossas existências nós perceberemos ao Espírito de Deus em nós como percebemos ao nosso próprio coração. Suavemente.

O Espírito de Deus nos percebe como Salomão percebia a Sunamita. Apaixonadamente, completamente, abrangentemente, profundamente, detalhadamente.  Essa capacidade transcendental de Salomão perceber a amada, é uma sombra da capacidade do Espírito perceber nossas vidas, os movimentos do nosso coração.  E através deles, ler continuamente nossa alma. 

LIVRO da WELINGTON CORPORATION

LIVRO da WELINGTON CORPORATION - Cântico dos Cânticos EM PDF
No Google Drive
Clique no link

Cântico dos Canticos


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Images

https://plus.google.com/u/0/photos/117074923560526055528/albums/6119802758083695873